Atualmente tem-se falado muito sobre o monitoramento dos deslocamento de pessoas pelas cidades. Com a Pandemia da Covid-19, existem níveis de distanciamento social que deveriam ser atingidos. Para medir esse distanciamento vários tipos de tecnologias podem ser utilizadas. As grande cidades, por exemplo, contam com câmeras, sensores e até mesmo equipes distribuídas em pontos estratégicos que podem medir os deslocamentos de pessoas. Contudo, a maior parte das cidades não conta com tal infra-estrutura.
Para sanar este problema, as geotecnologias desempenham papel fundamental. Assim como em levantamentos diversos em campo, como mapeamento de fauna e flora, georreferenciamento de imóveis, entre outros, o Sistema de Posicionamento Global (GPS), pode ser utilizado. O GPS é um sistema global de posicionamento que conta com satélites, estações em terra e aparelho coletor (Figura 2). Esse sistema pode nos dar a posição, em casos mais simples, com uma precisão que varia entre 3 e 10 metros.
A partir dos dados GPS dos celulares, os usuários podem fornecer dados para amostra. O acesso a este dado pode, então, dar informações sobre o deslocamento de pessoas no território. Mas o que acontece se o sensor de localização do celular estiver desligado? Muitas vezes, as pessoas desabilitam esse recurso, seja para manter certa privacidade ou para economizar bateria dos dispositivos móveis. Para ultrapassar essa barreira, um outro recurso que está presente em todos os celulares, inclusive aqueles que vieram antes dos smartphones, é utilizado. Através da transmissão do sinal de telefonia, é possível calcular a posição e o deslocamentos dos aparelhos e, consequentemente, de seus donos.
Este dado está com as operadoras de celular e são considerados dados sensíveis, para ter acesso aos mesmos, de forma legal, existem trâmites burocráticos que devem ser realizados. Mesmo assim, o método para calcular a posição é exatamente o mesmo do GPS: a partir de um ponto (usuário), é medida a distância para três outros pontos conhecidos (antenas), desta forma é possível saber, com alta precisão, a posição e também os deslocamentos do usuário (Figura 3).
Uma simulação do que pode ser feito está na Figura 4, que mostra a localização das antenas de celular em Minas Gerais (ANATEL, 2017). O kml das posições das antenas foi carregado no Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais, mostrando a espacialização das antenas. A partir delas é possível calcular a posição dos usuários. Lembrando que aqui é apenas uma ilustração didática, uma vez que o acesso aos dados dos usuários é restrita!!
O uso de dados de celular ganhou um importante destaque no monitoramento da Covid-19. Tais dados podem ser fontes de informações para gerar modelos como: a) uso de dados de localização agregados e anonimizados; b) monitoramento individual da circulação de cada indivíduo; e c) monitoramento e exposição em mídias sociais de todas as pessoas infectadas. A cidade de São Paulo já tem feito este tipo de monitoramento em parceria com as operadoras (Figura 5). Desta forma, conseguem medir os deslocamentos de todos os usuários que possuem um aparelho celular, independente da ativação do sensor GPS. Belo Horizonte também adotou tecnologia similar.
Esta é mais uma aplicação que pode ser feita com o uso de geotecnologias, aí incluídos satélites, geoprocessamento e mapas. O monitoramento pode ser utilizado para que se tomem medidas adequadas e focadas nas regiões de maior aglomeração e contribuindo para a contenção da disseminação do vírus.