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Instituto Prístino contribuiu para o estudo do gênero Fosterella (Bromeliaceae: Pitcairnioideae) no Brasil

Figura 1 – Espécie nova de Bromeliaceae, endêmica do Vale do Rio Pirapetinga, MG. A) Vista do afloramento rochoso do habitat da espécie; b) Espécie herbácea de hábito terrestre/rupícola c) Detalhe da inflorescência. Fotos: Instituto Prístino.

As fotos acima foram os primeiros registros fotográficos de uma espécie nova de Bromeliaceae do gênero Fosterella. Os registros foram realizados pela equipe do Instituto Prístino em junho de 2013 às margens do rio Pirapetinga, divisa dos municípios de São Gotardo e Matutina no estado de Minas Gerais (Figura 1). Naquela época, durante os trabalhos de campo, levantou-se a possibilidade de ser uma espécie rara, pois ela só foi encontrada em um único afloramento rochoso às margens daquele rio (Figura 1A). Além disso, algumas características morfológicas chamaram atenção por ser uma Bromeliaceae, que possui folhas com textura fina e flores muito pequenas (menores que 1cm) com pétalas brancas e muito delicadas.

Para identificar a espécie, a equipe do Instituto Prístino encaminhou as fotos aos taxonomistas em Bromeliaceae: Otávio Ribeiro e Elton Leme. Em retorno, os especialistas levantaram a possibilidade de que poderia ser um registro novo de distribuição geográfica de uma espécie já conhecida ou ser uma espécie nova do gênero Fosterella. Na época o Instituto Prístino não pode ir ao campo para coletar a planta, mas compartilhou a localização e as informações sobre a localidade, onde a espécie foi observada.

Os taxonomistas organizaram uma expedição científica à região, com objetivo de coletar material botânico para estudar a espécie. As amostras foram coletadas, prensadas, secas em estufa, afixadas em cartolinas e devidamente etiquetadas com informações sobre a localização e as características morfológicas da espécie. Ao final do processo, as exsicatas (amostras de plantas prensadas com etiquetas) foram incorporadas ao Herbário RB do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Figura 2). Após a confirmação de que a espécie era realmente nova para ciência, os taxonomistas definiram a exsicata como o material TYPO nomenclatural, ou seja, aquela referência material que foi utilizada na descrição original da espécie.

Figura 2 – Exsicata do material Tipo Nomenclatural da Fosterella atlantica. Fonte: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=261089871.

Em março de 2019, os taxonomistas Elton Leme, Rafaela Forzza, Heidemarie Halbritter e Otávio Ribeiro publicaram o artigo “Contribution to the study of the genus Fosterella (Bromeliaceae: Pitcairnioideae) in Brazil” na revista Phytotaxa (https://doi.org/10.11646/phytotaxa.395.3.1; Figura 3). Neste artigo os autores descreveram a espécie nova como Fosterella atlantica. A escolha do nome foi dada por ser o primeiro registro na região Sudeste do Brasil, representando o ponto mais a leste da distribuição geográfica conhecida para o gênero Fosterella. Destaca-se que a espécie Fosterella atlantica é conhecida apenas pela localidade typo. Isto significa que naquele afloramento rochoso às margens do Rio Pirapetinga, onde a equipe do Instituto Prístino realizou o primeiro registro fotográfico da espécie, é o único local conhecido da ocorrência da espécie.

Figura 3 – Fosterella atlantica (Leme 9223): A. Visão geral do habitat da localizade tipo da espécie, em Matutina, Minas Gerais. B–C. indivíduos na localidade tipo. D. Hábito. E–F. Detalhes das flores. G. Destaque dado ao hábito da espécie. Fonte: https://doi.org/10.11646/phytotaxa.395.3.1

Por fim o Instituto Prístino agradece os taxonomistas pela oportunidade de poder contribuir com o estudo do gênero Fosterella (Bromeliaceae: Pitcairnioideae) no Brasil. Esta contribuição só foi possível, porque o Instituto Prístino realiza pesquisas científicas e trabalhos de campos em Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade e em ecossistemas associados a afloramentos rochosos, onde o conhecimento da flora ainda é escasso. Cita-se como exemplo, a pesquisa desenvolvida na Chapada de Canga, situada no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. Para saber mais, baixe o livro Chapada de Canga: Patrimônio Natural e Cultura de Relevante Interesse para a Conservação, lançado em 2017 (Figura 4). Ele está disponível no link abaixo.