A crise da destruição ambiental atinge escala planetária. Somente no Brasil, entre os anos de 1985 e 2018, 88 milhões de hectares de áreas naturais – como florestas, campos e cerrados – foram convertidos principalmente em pastagens e agricultura. Esse exemplo de intensa perda e degradação de áreas naturais está diretamente associado ao aumento global de até 1000 vezes nas taxas de extinção de espécies. Para enfrentar essa grave questão, foram estabelecidas as Listas Vermelhas, as quais são mundialmente reconhecidas como um instrumento para a indicação das espécies ameaçadas de extinção e suas possíveis causas.
Uma importante função das Listas Vermelhas, ou Listas de Espécies Ameaçadas, está atrelada a socialização do conhecimento sobre a intensa degradação do patrimônio biológico, o que por sua vez, contribui também para orientar as autoridades, gestores, pesquisadores e conservacionistas sobre políticas públicas e estratégias de gestão ambiental para a tomada de decisão que trata da utilização e conservação dos recursos naturais, ecossistemas e espécies. Estudos indicam (Tabarelli et al., 2005) que as Listas Vermelhas representam:
a base das iniciativas para proteger essas espécies, seja em escala local, regional ou global. As políticas municipais, estaduais e federais sobre uso e ocupação da terra devem levar em consideração a presença de espécies ameaçadas. As listas constituem uma poderosa ferramenta na medida em que podem ser utilizadas como instrumentos legais para qualquer nível de ação.
A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) é a instituição que padronizou os critérios de avaliação para verificar se uma espécie se enquadra em alguma categoria de ameaçada de extinção. Atualmente, uma determinada espécie, quando avaliada, pode se enquadrar entre oito categorias de risco de extinção:
No Brasil, existem atualmente Listas Vermelhas para os grupos da fauna e flora publicadas em Portarias no ano de 2014. Até agora foram reconhecidos como ameaçados de extinção 110 mamíferos, 234 aves, 80 repteis, 41 anfíbios, 353 peixes ósseos (310 água doce e 43 marinhos), 55 peixes cartilaginosos (54 marinhos e 1 água doce), 1 peixe-bruxa e 299 invertebrados. As espécies avaliadas estão distribuídas nas seguintes categorias de ameaçada: 448 Vulneráveis (VU), 406 Em Perigo (EN), 318 Criticamente em Perigo (CR) e 1 Extinta na Natureza (EW).
Listas regionais também já foram publicadas em nosso país, sendo que a lista oficial das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais foi publicada em 1997, portanto necessita de ações urgentes de pesquisa de campo, gestão de banco de dados e curadoria para a atualização e inclusão de mais espécies avaliadas. A necessidade urgente de atualização das Listas Vermelhas de espécies da flora (nacional e estatual) pode ser exemplificado por uma planta rara e endêmica das cangas do Quadrilátero Ferrífero, região central de Minas Gerais. Descrita recentemente, a espécie Pleroma ferricola A. L. F. Oliveira, R. Romero & P. J. F. Guim (Oliveira et al., 2014) ainda não foi avaliada, mas possui populações distribuídas em uma área muito restrita e localizadas próximas a minerações de ferro.
Referências:
Centro Nacional de Conservação da Flora – CNCFlora. Acessado em [14/01/2020] através do link: http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/publicacao/manual_operacional.pdf
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Lista de Espécies Ameaçadas. Acessado em [14/01/2020] através do link: http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/2741-lista-de-especies-ameacadas-saiba-mais.html
IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Red lists. Acessado em [10/01/2020] através do link://www.iucnredlist.org/
Oliveira, A.L.F., Romero, R. & Guimarães, P.J.F. 2014. A new Brazilian species and some synonyms in Pleroma (Melastomataceae). Brittonia, 66(4): 353-357.
Projeto MapBiomas – Coleção [v. 4.0] da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil. Acessado em [14/01/2020] através do link: https://mapbiomas-br-site.s3.amazonaws.com/mbi_colecao4_brasil_la_revb.jpg
Tabarelli, M.; Pinto, L.P.; Silva, J.M.C.d.; Costa, R.C. 2005. Espécies ameaçadas e planejamento da conservação. In: Galindo-Leal, C.; Câmara, I.d.G. Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Carlos Ibsen de Gusmão. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica.