Resumo:
Comparado com outros ecossistemas rupestres hiperdiversos do leste do Brasil, a vegetação de canga, também conhecida como campo rupestre ferruginoso, representa um dos ecossistemas menos estudados, mas que sustenta uma alta proporção de raridade e endemismo de plantas. Os principais impactos negativos irreversíveis nas cangas são a perda e a degradação de habitat devido a mineração de ferro em larga escala. Então, o desafio é produzir conhecimento sobre os campos rupestres ferruginosos, tanto para contribuir com o planejamento da conservação, quanto para subsidiar informações para os modelos de restauração ecológica. Neste estudo, nós investigamos a estrutura, a diversidade e a composição florística de comunidades de campos rupestres ferruginosos em quatro afloramentos de canga da região do semiárido, e comparamos com outros estudos em campos rupestres do leste do Brasil. Foram amostrados um total de 5.724 indivíduos, distribuídos entre 74 taxons, 54 gêneros e 29 famílias botânicas. Verificamos que as comunidades de plantas rupestres nas cangas do Vale do Rio Peixe Bravo caracterizam-se por um conjunto peculiar de grupos funcionais, principalmente quanto a elevada proporção de suculentas e poiquiloídricas, constituindo uma assembleia única de espécies. Considerando o elevado grau de ameaça devido aos projetos de mineração em larga escala, nosso estudo verificou que as cangas estão em excelente estado de conservação. Portanto, propomos que sejam consideradas como ecossistemas de referência para modelos de planejamento de eventuais projetos de restauração.
Palavras-chave: Campo rupestre ; Grupos funcionais ; Fitossociologia ; Raridade ; Planejamento para restauração
Periódico: Biota Neotropica
Citação: CARMO, F.F., CAMPOS, I.C., CARMO, F.F., KAMINO, L.H.Y. Communities structure and plant diversityin endangered canga (ironstone) vegetation: a reference ecosystem in the Brazilian semiarid region. BiotaNeotropica 24(4): e20241670. https://doi.org/10.1590/1676-0611-BN-2024-1670