Os afloramentos ferruginosos conhecidos como cangas estão entre os geossistemas mais ameaçados do Brasil devido a sua distribuição restrita e geneticamente associada aos principais depósitos de minério de ferro do país. Atualmente destacam-se dois complexos espeleológicos nesse litotipo, onde já foram diagnosticadas mais de 1.500 cavidades, localizadas em Carajás (PA) e no Quadrilátero Ferrífero (MG). Recentemente foi descoberto um novo sítio espeleológico distribuído ao longo do Vale do Rio Peixe Bravo, Bacia do Rio Jequitinhonha (MG). Os processos de dissolução presentes nas cavidades e ainda atuantes nos afloramentos caracterizam este geossistema como um sistema cárstico. Até o momento foram observados cerca de 60 vestíbulos de cavidades desenvolvidas em diversos litotipos ferruginosos, sendo que 21 já foram aferidas e georreferenciadas. A maioria está inserida nas encostas dos extensos platôs capeados pelas cangas. Algumas cavidades apresentaram vários salões e galerias de grande volume quando comparadas às cavernas ferruginosas já descritas. Além da espeleometria notável, destacam-se também prováveis registros paleontológicos e arqueológicos, tais como possíveis icnofósseis e sulcos na rocha semelhantes a figuras geométricas. Esta área reveste-se de elevada relevância ambiental para a região, devendo ser considerada prioritária para a criação de novas unidades de conservação, em especial por abrigar um geossistema subterrâneo ainda pouco conhecido.
Autores:
Carmo, F.F.; Carmo, F.F.; Salgado, A.A.R.; Jacobi, C.M.
Publicação
Espeleo-Tema, v.22, n.1. P. 79-93, 2011.