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O Comércio Ilegal de Fauna em Minas Gerais

O tráfico de animais silvestres está entre as prin­cipais ameaças à fauna brasileira, sendo que o comércio ilegal é a força motriz dessa trágica realidade. Infelizmente, Minas Gerais registra um dos maiores índices desse grave problema socioambiental, com envolvimento de diversas atividades ilegais como a captura/caça na natureza, o transporte, o comércio e a manutenção em cativeiro. Os números são assustadores e estima-se que nosso estado tenha entre 4 e 5 milhões de aves em cativeiro¹. A maioria dos animais silvestres é vítima de uma “demanda” da nossa própria sociedade, a qual mantém em residências “animais de estimação” ou para “ornamentação”, especificamente no caso das aves canoras. O filósofo iluminista Immanuel Kant, no século XVIII, elaborou um pensamento muito conhecido²:

Os impactos e danos desse comércio ilegal de fauna são severos, tanto para os animais, que sofrem todo tipo de maus-tratos, quanto para os ecossistemas, os quais dependem do vigor das populações nativas para manter seu adequado funcionamento. E uma das principais implicações de manter os ambientes naturais funcionando é a provisão de serviços ambientais, ou seja, benefícios da natureza para a sociedade. O comércio ilegal de animais silvestres também tem impactos negativos diretos na sociedade, pois expõe pessoas a atividades ilegais e não trazem para o país alguma riqueza que possa ser convertida em infraestrutura ou outros tipos de benefícios sociais.

O desafio para combater o tráfico de animais silvestres em Minas Gerais é enorme, e as principais ações de enfrentamento estão relacionadas principalmente a: 1) socialização do conhecimento, ou seja, informar as pessoas sobre o problema e como cada indivíduo pode e deve contribuir; e 2) gestão da informação por parte dos órgãos de controle e fiscalização, ou seja, uma informação robusta e atualizada contribui para refinar as estratégias de inteligência, controle e fiscalização.

Para contribuir com esse enfrentamento, o Instituto Prístino elaborou uma cartilha que traz informações atualizadas sobre os animais mais frequentemente traficados em Minas Gerais, a partir de uma revisão da literatura especializada. Tais informações estão subsidiando análises no âmbito do projeto “Rotas do Tráfico da Fauna Silvestre de Minas Gerais”, o qual se insere entre as diversas ações da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (CEDEF)³, vinculada ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Patrimônio Histórico e Cultural e da Habitação e Urbanismo (CAOMA), Ministério Público de Minas Gerais.

Imagem capa livro comercio ilegal de fauna

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¹ Crueldade à venda. Os problemas da criação de animais silvestres como pet. Wod Animal Protection. Disponível em: https://www.worldanimalprotection.org.br/sites/default/files/media/br_files/documents_br/wap-relatorio-crueldade-a-venda-062019.pdf

² Kant, Immanuel. Lectures on Ethics, Trans. Peter Heath, Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

³ Informações em: https://defesadafauna.blog.br/