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REVISITANDO: “Fogo e destruição ambiental batem recorde em Minas Gerais”

No dia 22 de agosto de 2019, o Instituto Prístino publicou um post no Facebook em que destacou os dados sobre os registros dos focos de queimadas monitorados pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Figura 1). Naquele mês, os dados acumulados para o ano de 2019 refletiram até então um recorde de destruição ambiental em Minas Gerais, com aumento de 77% no número de queimadas em relação ao mesmo período do ano de 2018.

Queimadas em Minas Gerais
Figura 1 – A, B: Incêndio registrado em 16 de agosto de 2019 em Moeda (Foto: Paulo Rubens) e em Nova Aurora, no norte de Minas Gerais (Foto: acervo do Instituto Prístino)

Na semana anterior da publicação do post foi constatado o maior registro de focos de incêndios para aquele ano: 6.900 focos. Mas, não estava previsto que o pior ainda estava por acontecer nos meses seguintes após a postagem da notícia. Foram registradas mais sete semanas com mais de 6.900 registros de focos de queimadas (Figura 2). Ao final do ano de 2019, foi registrado um total de 182.640 focos de queimada, ou seja, um aumento de 321% em relação ao mesmo período de 2018 (56.854 focos).

Focos de incêndio semanal para o ano de 2019 no estado de Minas Gerais.
Figura 2: Focos de incêndio semanal para o ano de 2019 no estado de Minas Gerais. Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2018. Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios. Disponível em http://www.inpe.br/queimadas.

Como todo ano, entre os meses de julho e outubro, a imprensa divulga milhares de notícias sobre as queimadas, a dispersão do fogo e da fumaça, os impactos e os danos ambientais (Figura 3). Da mesma forma, todo ano, é recorrente a divulgação das queimadas e os pontos de incêndio detectados pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O uso dos dados do INPE para divulgação dessas informações pela imprensa constitui uma importante interação com a sociedade, pois permite acesso aos dados técnicos e estimula as discussões sobre o tema. Esta interação faz parte dos valores e da visão do INPE, que busca ser ”referência nacional e internacional nas áreas espacial e do ambiente terrestre pela geração de conhecimento e pelo atendimento e antecipação das demandas de desenvolvimento e de qualidade de vida da sociedade brasileira” (INPE, 2020).

Coletânea de imagens divulgadas pela imprensa sobre os focos de queimadas no Brasil em 2020
Figura 3: coletânea de imagens divulgadas pela imprensa sobre os focos de queimadas no Brasil em 2020. Fonte: Google Imagens.

Queimadas em 2020

O cenário de queimadas para o ano de 2020 ainda é preocupante nos biomas – Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga – em Minas Gerais. Até a data deste novo post, apesar do número de focos de queimadas registradas pelo INPE ser menor em relação ao mesmo período de 2019, ainda é 40% maior na comparação com 2018. Os números de ocorrências ainda tendem a crescer (Figura 4), por estarmos em uma época com poucas chuvas, temperaturas elevadas e registros de umidade relativa do ar abaixo de 30%. Essas condições deixam a vegetação vulnerável e suscetível a queimadas. Segundo reportagem do Estado de Minas: “Em apenas quatro dias de setembro, de 11 a 14, os bombeiros atenderam a 356 ocorrências de incêndios em vegetações somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esse valor representa cerca de 69% do total acumulado do mês de agosto na localidade.” (Rodrigo Salgado, 2020)

Focos de queimadas em Minas Gerais para os anos de 2018 a 2020.
Figura 4: Focos de queimadas em Minas Gerais para os anos de 2018 a 2020. Fonte: http://www.inpe.br/queimadas.

A maioria das queimadas registradas é causada pelo homem, e seus efeitos catastróficos atingem a fauna, a flora, o solo, a qualidade do ar e populações humanas espalhadas por milhões de quilômetros. Essa triste realidade foi comentada há mais de 150 anos pelo pensador norte-americano Henry Thoreau (apud Pádua¹, 2005), que resumiu em sua crítica ambiental:

“Hoje em dia quase todos os chamados melhoramentos feitos pelo homem, tais como a construção de casas e a derrubada das florestas e de todas as árvores grandes, simplesmente deformam a paisagem e fazem com que ela fique mais e mais domesticada e sem valor. Quem me dera um povo que preferisse pôr fogo nas cercas e deixar de pé as florestas!”

Denúncias sobre queimadas podem ser realizadas pelos seguintes canais de comunicação:

  • IEF – Instituto Estadual de Florestas – 0800 283 23 23
  • Bombeiros – 193

¹Pádua, J.A. 2005. Herança romântica e ecologismo contemporâneo – Existe um vínculo histórico? Varia hist. 21: 58-75.